baseado no Livro Médium por Alexandre Cumino
Vamos falar sobre meditação e sobre Deus. A ideia é falar sobre meditação como uma ferramenta junto da mediunidade e a favor de uma qualidade de vida.
Vivemos de forma automática e condicionada, não estamos por inteiro em nada do que fazemos, por isso não somos conscientes e estamos perdendo boa parte de nossas vidas. Enquanto estamos comendo, por exemplo, não paramos de pensar em outras coisas, não sentimos o que estamos fazendo, não estamos ali de fato. Se estamos trabalhando, lendo, conservando, estudando ou namorando, nossa cabeça não para de pensar, estamos em outro lugar. Somos assim o tempo todo, de tal forma que vamos perdendo a consciência da vida. A vida simplesmente passa, e nos escapa por entre os dedos.
Em alguns momentos, somos acordados deste sono, por exemplo, quando descobrimos um novo amor ou quando morre alguém que é muito amado. Com um novo amor nos sentimos vivos, com a morte de alguém nos sentimos mortos. Num momento, a vida parece ter sentido e no outro perde totalmente o significado. Bastam alguns dia para tudo voltar ao piloto automático. Alguns se viciam em novos amores, adrenalina e drogas para se sentirem vivos, mas isto também passa a ser um comportamento condicionado. Outros se matam por saber que já estão mortos e não conseguem fazer nada a respeito disso.
Vivemos com medo e insegurança, não sabemos como lidar como nossos sentimentos e expectativas, simplesmente fingimos que não existem, tentamos ser fortes até o ponto em que tudo isso começa a atrapalhar muito uma vida que poderia ser bem mais tranquila. Avida é um espelho, devolve tudo que a gente dá e não muda se a gente não mudar; portanto, não adianta continuar culpando os outros pelo que acontece em nossas vidas, é preciso acordar, tomar consciência e conhecer-se.
Somo corpo, mente, espírito e emoções, não basta cuidar apenas do corpo e do espírito. É uma ilusão vir ao Templo para incorporar um espírito e voltar para casa achando que isto é suficiente para ter qualidade de vida. Não adianta querer comprar um pedaço céu com uma "caridade" e viver num inferno, não adianta cobrar Deus por "fazer o bem sem olhar a quem" se a sua vida continua andando para trás. O que importa não é a ação, mas o sentimento que move a ação. Mais do que conhecer suas intenções, é preciso ter consciência do que faz, de quem você é a da vida que está passando.
Para um bom desenvolvimento mediúnico é fundamental estar por inteiro, parar de questionar e sentir, se entregar, e para isso é preciso muito treino. Se no dia a dia você não está por inteiro e não está acostumado a sentir a vida, não é naquele momento de desenvolvimento e incorporação que isso vai acontecer. A meditação é muito importante, dentro ou fora da Umbanda. O resultado é um desenvolvimento e uma incorporação muito mais tranquilos e conscientes. Consciente aqui quer dizer estar por inteiro, sentindo cada etapa de seu desenvolvimento, aprendendo a se entregar sem medo.
O que interfere e atrapalha o desenvolvimento não é a consciência, e sim a mente desequilibrada que não para de pensar, questionar e julgar. Se conseguir acordar, despertar, estar consciente e por inteiro em tudo que faz, estará por completo na incorporação e também na vida.
Dificuldades racionais e meditação
Entre as dificuldades de incorporar estão as dificuldades racionais ou dificuldade mentais, que são aquelas provenientes dos conflitos entre mente e emoção ou, se preferir os conflitos entre consciente e inconsciente. Podemos dizer que são também conflitos derivados desta vida condicionada que não aceita nada que saia do controle, nada que saia do automatismo.
Na prática, vemos pessoas que têm uma boa mediunidade de incorporação latente e que, durante o processo de desenvolvimento mediúnico, ficam "irradiados"; isto quer dizer: estão envolvidos com a energia de seus guias espirituais, eles se movimenta, dançam ao som dos atabaques, aguem como se estivessem incorporados, mas continuam no comando de sua própria mente. Alguns, quando estão irradiados, portam-se como se estivessem incorporados e por meio de um animismo natural se comportam e manifestam como se fossem o guia. No entanto, a forma de falar, gesticular e o jeito de verbalizar e escolher as palavras ainda são do médium, assim como muitas das preocupações e indagações que são manifestas ficam claras pertencer ao mundo desse médium. Essa observação se dá pelo fato de que o médium tem um senso de julgamento de valor critico bem diferente de um guia espiritual. Mas isto também é comum no desenvolvimento mediúnico e vai sendo superado.
Geralmente, nestes casos, o mais comum não é o médium se entregar ao animismo, o mais corriqueiro é ele entrar em conflito e sentir como se algo estivesse errado, ele sente as pernas se mexerem, sente seus brações se movimentarem, sente todo o seu corpo "tomado". Esse médium sente como se estivesse incorporado, menos a sua cabeça, sua mente e seus pensamentos, Na maioria das vezes é possível ver isso no olhar do médium. Todos seu corpo demonstra que está incorporado, mas o olhar continua o mesmo. Sempre dizemos que os olhos são a janela da alma e, de fato, quando um médium está incorporado e não apenas irradiado, seu olhar muda, já não é mais o seu olhar e sim o olhar de uma entidade. Não é mais o médium quem olha para você com a presença de seu guia ao seu lado, mas é o guia do médium quem olha para você por meio dos olhos daquele médium e, na maioria das vezes, é possível perceber pelo olhar. Sim, por esse olhar você percebe a doçura de um Preto-Velho, a força do Caboclo, a ingenuidade da Criança, o amor de uma Pomba-Gira ou a profundidade de um Exu. É um outro olhar, existe um brilho, o rosto toma outro semblante.
Enquanto isto não acontece, dizemos que o médium está "irradiado", ele está "semi-incorporado", falta muito pouco para a incorporação se concluir. Geralmente, o que falta é vencer este conflito que existe entre seu consciente e seu inconsciente. Nesse ponto muitos médiuns verbalizam que sentem seus guias, mas têm total consciência de que ainda são eles que estão ali no comando. Alguns dizem que sentem como se o guia se incorporasse em seu corpo como exceção de sua cabeça. E, de fato, na prática é como eles estivessem dizendo a seus guias: "Você pode pegar minhas pernas, pode pegar meus braços, você pode dançar, você pode fazer o que quiser com o restante do meu corpo, mas esta cabeça é minha e eu não vou abandonar o controle dela, esta cabeça eu não lhe entrego! Aí está o conflito entre o consciente e o inconsciente, o conflito entre racional e emocional: sua mente não quer perder o controle, sua mente racional não quer se entregar. E na sua verbalização surge uma grande ironia, o que faz parecer que está ficando louco, pois está dizendo de forma consciente: eu quero incorporar; no entanto, de forma inconsciente não quer perder a consciência, não quer perder o controle.
Esses médiuns perguntam: "No que eu devo pensar para conseguir incorporar?", e a resposta é: "Você não deve pensar em nada, pare de pensar, é justamente o seu pensar que está atrapalhando, pare de pensar e apenas sinta". Exatamente: sinta. Brinque com isto como se fosse uma criança, abandone os conflitos e entregue-se como uma criança se entrega a uma brincadeira, como um amante se entrega a seu amor, como um bêbado se entrega a sua cachaça e embriague-se das energias e vibrações divinas de seus guias e Orixás. Algumas linhas, como a linha dos Marinheiros, ajudam bastante nestes casos. Os Marinheiros vêm embriagados da energia do mar, vêm cambaleando e atordoando seu médium, o que ajuda a trabalhar seu equilíbrio interior e suas emoções. A linha dos Ciganos, quando incorpora apenas para dançar, ajuda também neste processo de entrega do médium que é muito racional e continua questionando o tempo todo.
Existem algumas técnicas de meditação que podem ajudar nestes casos, são técnicas de meditação ativa. Técnicas de meditação ativa são aquelas em que o meditador faz movimentos enquanto medita. Para a maioria das pessoas deste mundo contemporâneo e urbano é muito difícil sentar e meditar, é muito custoso simplesmente sentar e parar de pensar com uma simples técnica que o ajude a evitar os pensamentos.
São necessárias técnicas que produzam catarse e outras que ajudam o médium a se soltar. São técnicas que vão ajudar o médium a identificar suas dificuldades entre consciente e inconsciente, técnicas que ajudem a identificar onde estão seus conflitos emocionais e racionais na hora de incorporar. Essas técnicas se destinam a todos os médiuns e, independente de já serem desenvolvidos ou não, podem ajudar a perceber coisas que antes não haviam percebido com relação a sua incorporação e o senso crítico de julgamento que existe ainda dentro de si.
Diminua a frequência de sua respiração
A melhor técnica para lhe trazer consciência e intuição é trabalhar a frequência da respiração (isto é uma meditação). Quando você controla conscientemente sua taxa de respiração, pode controlar seu estado de espírito.
Você deve inspirar, suspender com o pulmão cheio, expirar, e suspender com pulmão vazio na mesma proporção de tempo e repetindo as 4 etapas novamente.
Exemplo
1 respiração por minuto: inspira (15 segundos), suspende (15 segundos), expira (15 segundos), suspende (15 segundos).
4 respirações por minuto: inspira (4 segundos), suspende (4 segundos), expira (4 segundos), suspende (4 segundos). Repita o ciclo 4 vezes.
8 respirações: cada etapa dura 2 segundos repetindo o ciclo completo de respiração 8 vezes.
Respirando a uma taxa de 8 respirações por minuto:
Sinta-se mais relaxado
Alívio do estresse e aumento da consciência mental
Sistema nervoso parassimpático começa a ser influenciado
Eleva os processos de cura
4 respirações por minuto:
Mudanças positivas na função mental
Sensações intensas de consciência, clareza visual aumentada e sensibilidade corporal elevada
As glândulas pituitária e pineal começam a se coordenar em um nível aprimorado, produzindo um estado meditativo
1 respiração por minuto:
Cooperação otimizada entre hemisférios cerebrais
Calmante dramático de ansiedade, medo e preocupação
Abertura para sentir a própria presença e a presença do Espírito
Desenvolve intuição
Minutos de meditação
A ciência iogue diz que há períodos específicos de tempo necessários para certos efeitos desejados na meditação. Assim, as meditações (e exercícios em um kriya) são mantidos por um período de tempo especificado.
3 minutos: Afeta a circulação (sangue) e o campo eletromagnético.
11 minutos: Altera o sistema glandular e os nervos.
22 minutos: equilibra e coordena as três mentes.
31 minutos: Afeta todas as células e ritmos do corpo e todas as camadas de projeção da mente.
62 minutos: Altera a massa cinzenta do cérebro. Integra a “mente sombria” subconsciente e a projeção externa.
2 horas e meia: Detém o novo padrão na mente subconsciente pela mente universal circundante.
Ciclos de Meditação de Transformação
O compromisso com uma prática pessoal torna o processo de meditação de transformação e autodescoberta seu. Para dominar os efeitos de uma meditação, pratique-a como um sadhana, como uma disciplina diária. Isso irá desenvolver um hábito de promoção de vida. O hábito nos controla tanto que dizem que podemos realmente mudar nosso destino mudando nossos hábitos. Podemos usar vários ciclos da mente humana para ajudar a substituir padrões indesejados de comportamento por novos e mais positivos. Escolha uma meditação que se adapte aos seus objetivos e / ou inspire você, e comprometa-se a praticá-la por 40, 90, 120 ou 1.000 dias.
40 dias: mude um hábito.
90 dias: confirme o hábito.
120 dias: Você é o novo hábito.
1.000 dias: domínio do novo hábito.
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